Muitas gerações crescem lendo os famosos gibis da Turma da Mônica ou assistindo na televisão. Comigo não foi diferente, até para o antigo Parque da Mônica em uma excursão com a escola eu fui. O filme é uma realização, ver a turminha que tanto nos ensinou e nos fez rir, em carne e osso. A dificuldade seria de como agradar aos mais velhos que cresceram com a turminha e ser atrativo para os pequenos de hoje em dia, coisa que Daniel Rezende fez com êxito.
Tivemos a primeira aproximação mais relista em 2013, com o lançamento da graphic novel “Laços”, dos irmãos Vitor e Lu Cafaggi. Nela, Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão (e outros da turminha) foram apresentados em uma versão mais realista, como se existissem no mundo real. Devido ao tremendo sucesso, duas sequências foram lançadas, “Lições” e “Lembranças”, assim como a adaptação para o cinema, dirigida por Daniel Rezende. Que deixou bem claro ser um fã de ‘Turma da Mônica’ com todos detalhes de cenário e personagens. Você se sente no bairro do Limoeiro, algumas caracterizações são impressionantes. A palheta de cores esta idêntica aos dos gibis, e super funcionou sem estar destoante na telona. Ele mexe com a nostalgia, como não se emocionar com a Magali comendo melancia, com o Cascão fugindo de forma surreal de água, com o Cebolinha e seu “gênio cliando” o plano infalível, e a Mônica se defendendo com o Sansão. E que atuação da Giulia Benite como Mônica.
Daniel Rezende foi cuidadoso nas cenas das famosas “coelhadas” para não propagar violência, ele apenas usa as expressões de quem está à volta, um belo modo de mostrar a ação sem trair a essência da personagem. A ambientação é um flerte com o passado, o figurino dos pais, o telefone de gancho, a praça com coreto, o vendedor de balões. Com muitos easter-eggs para os fãs dos quadrinhos. Uma dica, fique atento nas matérias nos jornais!
Tem muito a ser elogiado nos aspectos técnicos e no elenco. Algo muito importante em Turma da Mônica, é a essência da amizade. O elenco infantil foi muito bem escolhido, a dinâmica entre o quarteto é muito orgânica.
Temos também a ótima performance de Rodrigo Santoro, como “Louco” que trouxe muito bem os cacoetes do personagem. Com um ótimo jogo de câmeras, trilha sonora e brincadeiras características do personagem, como a genial sequência envolvendo sapatos, faz nossos olhos brilharem.
Dentro de tantos acertos, se é preciso falar do que não funcionou também, o pior sem duvidas é o efeito especial verde desbotado usado no Floquinho. Chega um momento que o longa se arrasta, a cenas na floresta são longas, a maior preocupação disso é com os pequenos, pode despertar desinteresse e inquietação.
Daniel Rezende conseguiu fazer um filme que respeita o fã antigo e não menospreza as crianças. Turma da Mônica – Laços é um filme encantador.
Turma da Mônica – Laços estreia 27 de junho