Black Mirror: Bandersnatch é o primeiro filme interativo da Netflix estreou nesta sexta-feira (28) na plataforma.
Já fui apreciador de livros de interação, lembro de um onde eu era um paladino, levei dias para ver todos os finais possíveis. Precisei assistir duas vezes Black Mirror: Bandersnatch para ver todos os finais.
Ambientado em 1984, o filme dirigido por David Slade acompanha Stefan (Fionn Whitehead), um jovem programador que transforma um livro de romance interativo — cujo autor enlouqueceu após finalizá-lo — em um vídeo game com a mesma proposta. Logo, o mundo real se mistura com o virtual e isso passa a criar uma certa confusão na vida do personagem. Durante o filme, é pedido ao espectador que tome certas decisões pelo protagonista. Surgem duas opções na tela, e há um tempo limite para que a escolha seja feita.
Nossa primeira interação é a escolha do cereal para o café da manhã, inserida apenas como uma amostra de como será, pois essa escolha assim como outras, não resulta em uma diferença significativa, mas lembrada em uma cena futura numa propaganda de televisão. A segunda decisão, é precipitada visto que mesmo que estejamos no controle, não conhecemos nada do personagem, a falta de apresentação dele nos leva a uma decisão meio que obvia. Muitas das ações, embora você que escolha, esta “errada” pois ele o força a um caminho jogando goela abaixo, literalmente.
Bandersnatch não possui uma história com nexo e nem tenta explicar o que está acontecendo com algumas escolhas.
Embora boa parte da história seja jogada sem explicação alguma, temos boas cenas, algumas até com muitas mortes (dependendo da escolha) bem ao estilo Black Mirror mesmo. O roteiro é bem fraco baseado em fantásticos episódios já apresentados pela série, como White Christmas, The Entire History Of You ou Hang the DJ. Se a história fosse contada com apenas um dos cinco finais alternativos, certamente não teria tanto impacto. O que causou o hype foi a inovação de interação da Netflix. A narrativa não é totalmente construída no livre-arbítrio, mas tem boas sacadas. Uma legal é que dependendo da opção selecionada, rompe a quarta parede de forma criativa e divertida, em uma delas nos tornamos o “homem do futuro” e temos que explicar ao Stefan o que é a Netflix. Na outra, escolhemos algo realmente terrível de se fazer, e o Stefan se indigna conosco. Mas esses detalhes não são importantes para trama, são usados como inovação da ferramenta.
O interessante na trama, é mostrar que estamos em Black Mirror, fazemos parte de uma programação, estamos sendo vigiados e controlados, somos o jovem Stefan, temos o falso livre-arbítrio. Nos mostrou o outro lado, ficamos no controle.